O seu Blog de Espiritismo.
A CARIDADE DA TRANSFORMAÇÃO
Importante não esquecer o valor da beneficência que ampara o enfermo, alimenta o faminto e esclarece o equivocado; da mesma forma, é também imprescindível não esquecer que precisamos empregar todos os esforços possíveis para alavancar o nosso aprimoramento próprio em todos os sentidos. Necessário se faz não nos acomodarmos na zona de conforto em que nos habituamos situar, pois a inércia certamente desenvolverá em nós o desânimo, a preguiça, o mau hábito de esperar que tudo nos chegue às mãos sem o mínimo esforço para conquista-los.
Claro está que também precisamos ter o devido equilíbrio para não nos entregarmos insensatamente ao desvario da ambição desmedida com que muitas vezes pretendemos assenhorear-nos dos bens e benefícios da Terra sem o necessário cuidado com a saúde física e mental, gastando posteriormente tudo que conquistarmos em remédios para recuperar a saúde comprometida por abusos cometidos.
A Doutrina Espírita nos solicita empregar a caridade também para conosco mesmo, aquela caridade que só uma digna educação no sentido mais amplo da palavra, será capaz de nos fazer compreender a luz de uma fé raciocinada que não pode mais aceitar atitudes artificiais de quem fala da boca para fora, sem o compromisso com a ética e a moral que prega aos outros, como se o reino de Deus pudesse ser conquistado por simples aparências ou pelo emprego de vãs palavras.
“Aqui, as palavras do Mestre se derramam por vitalizante bálsamo, entretanto, os laços da conveniência imediatista são demasiado fortes; além, assinala-se o convite divino, entre promessas de renovação para a jornada redentora, todavia, o cárcere do desânimo isola o espírito, através de grades resistentes; acolá, o chamamento do Alto ameniza as penas da alma desiludida, mas é quase impraticável a libertação dos impedimentos constituídos por pessoas e coisas, situações e interesses individuais, aparentemente inadiáveis.
Jesus, o nosso Salvador, estende-nos os braços amoráveis e compassivos. Com ele, a vida enriquecer-se-á de valores imperecíveis e à sombra dos seus ensinamentos celestes seguiremos, pelo trabalho santificante, na direção da Pátria Universal...
Todos os crentes registram-lhe o apelo consolador, mas raros se revelam suficientemente valorosos na fé para lhe buscarem a companhia”. (1)
Não resta a menor dúvida de que o trabalho desenvolvido pelas instituições espíritas em termos de caridade e fraternidade, para com os necessitados que as buscam, representa a única ajuda para grande parte desses necessitados, e isso vem acontecendo desde as primitivas organizações apostólicas do passado remoto sob a inspiração de Jesus, até os dias da atualidade. No entanto, em termos de moralidade, o homem ainda não aprendeu a lição proposta pelo Evangelho de Jesus, que ensina a dividir com seu irmão o que lhe representa o supérfluo e, dirigido pelo egoísmo não se incomoda com o sofrimento vivenciado pelo seu próximo, castigado pela fome, pela sede, pela carência do mínimo que lhe permita viver com dignidade.
Desenvolvemos sobremaneira o intelecto, conseguimos avançar na busca de garantir os direitos do indivíduo de ter uma vida mais digna através de leis mais justas, avançamos cientificamente em todos os sentidos, particularmente na área das comunicações etc., em contrapartida, nos mantemos bem aquém em termos de moralidade. Isto porque, continuamos como antes nos digladiando nas Guerras improfícuas, promovendo a desgraça e a infelicidade, como resultado do estado de ignorância que ainda cultivamos em relação às coisas do Espírito.
É importante nos dedicarmos ao exercício da caridade no serviço infatigável do Bem, mas é imprescindível não nos descuidarmos do trabalho em prol da nossa reforma moral, combatendo em nós as más inclinações, e ainda, nos consagrando ao labor da beneficência que nos faça melhores atendendo às instruções do nosso Mestre e Guia quando nos resumiu as Leis e os Profetas em “amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos”, dividindo com os outros, os valores e as vantagens que estejamos detendo transitoriamente no mundo, como simples usufrutuários dos Bens Divinos, e também não nos esqueçamos de que só o aperfeiçoamento de nossa própria individualidade, com a sublimação de nossos sentimentos, pode solevar a vida terrestre aos níveis de ventura que lhe cumpre atingir.
Bibliografia:
1- Xavier, Francisco Cândido, pelo Espírito Emmanuel. Livro Fonte Viva - FEB, 1ª edição especial, Cap. 5.
Francisco Rebouças
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